Bandido, bandido corazón
Dizem que o tempo dramático das novelas mexicanas é mais lento por causa do ponto eletrônico que os atores usam em cena. Assim, o texto é falado na medida em que é ouvido – alguns nem decoram – e isso faz com que os atores precisem prolongar mais as reações em cena. Deve ser um exercício enloquecedor de improviso lidar com uma voz eletrônica na tua cabeça, em frente a câmera e todo o resto do ambiente.
De qualquer forma, acho que a culpa dos dramas mexicanos parecerem tão atrapalhados é da dublagem do Silvio Santos. Não conheço muito da teledramaturgia mexicana, mas é fato que o México é melhor em cerâmica. Fato que, aliás, não nos priva da diversão.
Dei essa volta toda porque hoje vi a seguinte pichação num muro recém-pintado de branco na Avenida Santo Amaro:
felipeduardo, amor bandido
Felipe Eduardo estava escrito junto, mesmo, em letra cursiva, o E final de Felipe servia de E inicial para Eduardo. E fiquei pensando sobre os já muito comentados nomes compostos das novelas mexicanas.
Acredito que combinar nomes incombináveis seja um talento. É desafiar o conceito da heteregeneidade entre as moléculas! Principalmente as de som! Envolve Química, Física e Ouvido, é para poucos. Na primeira ouvida soa mal, mas depois entre em cena outra força universal: o costume, aquilo que faz com que qualquer absurdo recorrente possa fazer sentido em algum momento.
Para mais pensamentos inúteis sobre nomes consulte a Mimosa.
E, na falta de assunto mais entusiasmado pra pensar, passei o resto do percurso especulando sobre o tema: será que felipeduardo junto foi só estilo ou pressa? Será que felipeduardo é codinome? Como deve ser ter o amor bandido de um felipeduardo e sentir necessidade de expressar-se pelas avenidas? Ou será que agora no México nomes compostos que terminem e comecem com a mesma letra devem formar uma só palavra?
Jamais saberemos.
tô chocado.
vc sabe que, enfim, Felipe Eduardo é o contrário de Eduardo Felipe, né?
hihihi pronto,falei
wakabara
February 3, 2009 at 3:10 pm
#jamaisaberás
felipeduardo
February 3, 2009 at 3:13 pm
então felipeduardo era você, luiza?
engraçadinha
é, jorge, verdade, pode ser eduardo felipe. mas não muda muita coisa…
bb
February 3, 2009 at 3:41 pm
não entendi nada, mas gostei do texto.
e o livro novo? quando sai?
beijo.
isaac
February 3, 2009 at 11:57 pm
De México vcs não conhecem nem metade da missa. Conhece “El Recodo”? É mais ou menos como se uma bandinha do interior de MG tomasse um porre de Mezcal. Dá uma olhada no youtube http://www.youtube.com/watch?v=JXIACeXpjLc&feature=related
Como se diz na gíria:
¡Ay Chaparrita! ¡Bien chingón, güey!
Paulo Moreira
February 5, 2009 at 5:54 am
legal essa banda circense mexicana, paulo,
mas eu prefiro chavela vargas,
aquilo que é alucinação.
ela é tipo a alice coltrane da canción ranchera.
bb
February 5, 2009 at 2:19 pm
Vou conferir. Acho essas ultra-barangagens sensacionais, muito mais interessantes que Madonna e Britnêi. Parecem coisas de outro mundo, não é? De outro planeta! Acho que potencialmente poderíamos ser assim também. Talvez se o Brasil trocasse o Tom Jobim pelo Vicente Celestino e o João Gilberto pelo Morengueira… Seríamos mais ou menos assim? Em compensação a poesia mexicana é cheia de estetas, clássicos, introspectivos, todos em tom menor, meio anti-Neruda. Deve ser para compensação o esporro.
Paulo Moreira
February 5, 2009 at 4:25 pm
falando em poesia chilena, não gosto de neruda.
nicanor parra sim, é uma lavada!
bb
February 5, 2009 at 4:34 pm
acho que se trata do amor bandido entre um felipe e um eduardo… especulações…
matrioscas
February 6, 2009 at 2:46 am
dum amor*
matrioscas
February 6, 2009 at 2:46 am
anteciparam meu comentário.
na minha opinão, o amor bandido é entre felipe e eduardo. juntos, pelo menos na pichação do muro.
guilherme
February 10, 2009 at 10:04 pm
[…] leave a comment » É com muito desapontamento que divido com vocês o desenrolar da história de felipeduardo, amor bandido. […]
O nosso amor a gente inventa « mídias virgens & condessa buffet
February 11, 2009 at 4:48 pm